“Meu ideal
político é a democracia, para que todo homem seja respeitado como individuo e
nenhum venerado”
Nós que fazemos parte da comissão da APEOC comungamos do pensamento
do universalmente conhecido pensador Albert Einstein.
E assim deveria pensar cada um de nós que compomos o quadro de
professor do município de Pereiro, depois do encontro da tarde de ontem (24/05/2013)
na Câmara municipal. Sem muita discórdia, os vereadores votaram a emenda que concedia
um aumento de 12% no salário do professor.
A mesma Câmara que há anos mais parecia um campo de batalha, com
advogados fazendo o máximo de esforço para defender uma proposta não condizente
com os números do FUNDEB, mas que agradava aos interesses do patrão, indiferente
aos benefícios de uma boa educação, ontem se manteve pacata e foi dado aumento
que atendeu às expectativas da maioria da classe. Como bem falou o nosso orador
e presidente da APEOC – Carlos Sérgio –
não foi dado o aumento que merecíamos, mas tivemos o que estava dentro da nossa
previsão orçamentária.
Durante dias, ouvimos nas ruas e lemos nas redes sociais comentários
equivocados a nosso respeito. “O
sindicato de Pereiro acabou-se”. “Os sindicalistas silenciaram”. “O prefeito
comprou todo mundo”. Felizes daqueles que têm o poder de calar sem gritos e
comprar sem usar moedas. Talvez seja a arma maior do atual gestor. Amar tem
humildade de nos ouvir e admitir que não entende muito de educação, mas
reconhece o seu valor para o construção de um sociedade mais justa. Das
propostas que levamos foi discutido apenas se tinha ou não fundamentação legal.
Nenhuma foi rejeitada porque o prefeito pensou em ter o poder questionado,
aceitando as nossa ideias. Não precisamos ser gênios para defender uma educação
de melhor qualidade, mas precisamos ser bastante espertos para não cairmos no jogo
sujo da política partidária. Se algum professor ainda vai para um encontro como
esse da tarde de ontem destilando ódio contra seu colega de trabalho é porque
não amadureceu o suficiente para se reconhecer como educador. Nós não devemos
favores a político nenhum. Estudamos para garantir o nosso espaço no mercado de
trabalho e conhecemos a realidade da nossa educação mais do qualquer político
que se passa por salvador. Investir em um sistema de ensino de melhor qualidade
não é mais opção dos políticos, mas uma obrigação urgente. No nosso pensamento
não é o professor que tem que ficar entregando cabeça de colega para se
promover, mas é o político que deve executar as políticas educacionais, com
justiça, para permanecer. Como dissemos ontem não é só por aumento de salário
que lutamos, mas também por uma mudança radical na estrutura da nossa educação.
Queremos que nenhum aluno da nossa rede de ensino veja na figura de um político
demagogo um herói e na figura do professor que luta pelo bem-estar coletivo, um
estressado. Enquanto sindicalistas, vamos lutar para manter o nosso grupo coeso
e atuante e buscarmos fazer com que todos entendam que somos professores e
merecemos ser respeitados independentemente do partido político que escolhamos
seguir. Mais uma vez nos reportando à reunião da Câmara louvo o comportamento do grupo que lá esteve e não viu duas
facções políticas se digladiando. Uma pomba da paz poderia ter sido solta se
não fosse uma colocação infeliz da presidente da Câmara já no finalzinho.
Segundo ela, o grupo que vestia a camisa do sindicato não aplaudiu a nobre
professora e estudante de direito, Laelma, ao proferir o seu discurso
instigante. Alguém já disse que “a boa educação não está tanto no fato de não
derramar molho sobre a toalha da mesa, mas em não perceber se outra pessoa o
faz”. A nossa atitude, que não foi intencional, não causou o tumulto que a
frase da vereadora causou. Nem sempre o nosso respeito ou desrespeito ao outro
se manifesta no ato de bater ou não palmas em uma determinada ocasião, mas em muitas
outras atitudes que não cabe aqui mencionarmos. Porém, podemos garantir que nós
da comissão não temos pensamento distinto daquele que a nossa colega, também
sindicalista, manifestou no encontro. Embora, não tenhamos gravado a sua fala, podemos
garantir que recordamos muito bem o que ela falou e concordamos na sua quase totalidade.
E ainda achamos que todos os vereadores deveriam ser como Laelma – estudarem e
discutirem com discernimento não só esses, mas todos os projetos que forem para
a câmara com inteligência e imparcialidade. Inteligente como a nossa colega é,
temos certeza de que ela vai ter maturidade suficiente para entender que
defendemos veementemente o interesse de classe e nunca de partido. E deveras
esperamos que o que Laelma falou ontem seja entendido pelo gestor como uma
crítica construtiva, e que jamais ela seja penalizada porque usou com
hombridade o direito que a democracia nos confere. Na educação, não vamos nunca
usar o termo inimigo. Para mudarmos o nosso quadro educacional, para darmos ao
professor suporte, para trazer a família para dentro da escola, para cobrar dos
políticos responsabilidades, precisamos de parceria. Por enquanto, a bandeira
da nossa educação é vermelha para todos – situação e oposição – mas num futuro
breve ergueremos uma bandeira verde e nesta devem estar envoltos todos os
munícipes. O saldo do investimento na educação será distribuído igualmente
entre todos, sem distintivo de partido. Assim, não só Laelma, mas todos os vereadores,
prefeito, secretários e demais pessoas que veem na educação uma esperança de
melhorar a nossa realidade política, social e econômica, estamos à inteira
disposição para o debate. Nossa maior meta é libertar para fazer pensar. Nosso
ídolo político pode ser qualquer um que não ponha seus interesses pessoais acima
dos interesses coletivos.
Comissão da
APEOC, Pereiro, 25/05/2013.
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